quinta-feira, 1 de março de 2012

Vladimir Putin: “A Rússia não quer nem vai se isolar do mundo”


O sétimo artigo publicado pelo Primeiro-Ministro Vladimir Putin na imprensa russa continua provocando intensa repercussão em toda a Rússia. Veiculado pelo jornal Moskovskye Novosti, na segunda-feira, 27 de fevereiro, o texto aborda vários aspectos da vida no país, mas dedica um grande espaço à política externa do país. A repercussão do artigo motiva o Diário da Rússia a destacar alguns pontos bastante comentados.
Sobre a política externa russa diante dos novos acontecimentos mundiais:
“Nos artigos anteriores, eu abordei os desafios, que a Rússia enfrenta todos os dias. O mundo em mudanças nos faz tomar decisões importantes nas áreas de economia, cultura, orçamento e investimentos. A Rússia ocupa uma posição importante neste mundo e por isso, não vai se isolar. Temos certeza de que a nossa abertura vai trazer prosperidade e crescimento material e cultural para os cidadãos, o que aumentará a credibilidade do governo. Pretendemos prosseguir neste sentido de uma forma construtiva, com base nos nossos próprios interesses e objetivos sem seguir linhas ditadas por pessoas de fora.A Rússia sempre teve o privilégio de manter uma política externa independente. Por isso, dizemos que a segurança mundial só poderá ser garantida junto com a Rússia. Qualquer tentativa de minar as suas posições geopolíticas e prejudicar seu sistema de defesa não vai levar a lugar nenhum. Os objetivos da política externa russa têm caráter estratégico e refletem a posição única do país no mapa político mundial, além do seu papel na história e no desenvolvimento da civilização.” .

A Rússia diante da segurança mundial:
“A Rússia vai continuar a colaborar para o fortalecimento da segurança global, sempre se opondo à proliferação das armas nucleares, aos conflitos regionais, ao terrorismo e à ameaça representada pelo tráfico internacional de drogas. Os planos dos Estados Unidos e da OTAN, que incluem a instalação de novos objetos de infraestrutura militar não correspondem à lógica do desenvolvimento moderno. Também não corresponde à lógica estimular uma série de conflitos armados em vários países, sob o pretexto da ajuda humanitária, pois tais atitudes debilitam o principio internacionalmente consagrado da soberania dos países. Costuma-se dizer que os direitos humanos antecedem as soberanias nacionais. Sem dúvida, os crimes contra a humanidade devem ser punidos por um tribunal internacional. Mas quando o uso dessa prerrogativa desrespeita a soberania do Estado, quando os direitos humanos são defendidos por estrangeiros e de uma forma seletiva, a questão não diz mais respeito à solidariedade e se torna uma demagogia óbvia. É importante que a ONU e o seu Conselho de Segurança consigam resistir aos ditames de países e à arbitrariedade na arena internacional. Ninguém pode atribuir a si as prerrogativas e os poderes da ONU, sobretudo quando se trata da utilização da força em Estados soberanos. Aparentemente, para os funcionários e, acima de tudo, os Estados Unidos, criou-se um entendimento próprio sobre segurança, e este diverge do nosso fundamentalmente. Os americanos são obcecados com a ideia de estabelecer uma invulnerabilidade absoluta para si, o que é utópico e não realizável tanto no plano tecnológico, quanto no campo geopolítico. Esta é a essência do problema. A invulnerabilidade absoluta para um país significaria uma absoluta vulnerabilidade para todos os outros. É impossível concordar com essa perspectiva. A outra questão é que, por motivos bem conhecidos, os outros países preferem não falar sobre isso diretamente. A Rússia vai sempre denominar as coisas com seus próprios nomes e fazer isso abertamente.”
Lições e conclusões da Primavera Árabe:
“As mudanças e os desdobramentos das reformas ocorridas em alguns países do mundo árabe não ocorreram em prol dos direitos das minorias e da confirmação da democracia, mas foram caracterizadas por uma alternância de forças na qual uma força dominante deu lugar à outra, ainda mais agressiva. Uma interferência externa permitiu este estado de coisas, o que permitiu a realização dos mais diversos excessos sempre sob o pretexto da ajuda e das razões humanitárias. O cenário da Líbia não pode se repetir na Síria. Os esforços da comunidade internacional devem se direcionar para a promoção da resolução do conflito sírio de forma interna, com um diálogo entre as forças políticas sírias, tendo como prioridade o fim da violência no país. É importante dar fim urgente à violência na Síria, iniciando um diálogo nacional sem condições prévias nem interferência externa, respeitando-se a soberania síria.”

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